O resultado do Censo 2010 revelando o crescimento significativo do número da população evangélica no Brasil nos últimos 20 anos foi tema do artigo O Brasil não é mais um país apenas católico?, da professora e pesquisadora Yvonne Maggie, colunista do site G1. (Clique aqui e leia a matéria: Número de evangélicos aumentou mais de 60% em 10 anos, diz IBGE)

Segundo Yvonne, os números apresentam um Brasil bem diferente daquele que prevalecia até o final do século passado, sendo o crescimento da população evangélica uma das maiores mudanças “em termos de visão de mundo ocorridas nos últimos anos”.

Dentre alguns comentários sobre o tema, a pesquisadora cita alguns questionamentos, que, possivelmente, levarão algum tempo para serem respondidos: o que de fato isso muda na vida das pessoas e qual a relação desse crescimento com o que vem sendo chamado de “intolerância religiosa”.

Ela também faz uma análise econômica. “O Brasil do real e do controle da hiperinflação, que completou 18 anos este ano, foi acompanhado pelo crescimento de uma nova classe média – milhares de pessoas deixaram de viver abaixo da linha da pobreza – e de uma ética centrada na responsabilidade individual, com o crescimento paralelo do número de protestantes”.

A pesquisadora é enfática sobre o combate a intolerância. “A intolerância e a violência devem, é claro, ser combatidas. Não se justificam num país democrático, onde a Constituição prega a liberdade religiosa. O fato é grave e há leis que devem ser acionadas em defesa daqueles que sofrem qualquer tipo de perseguição”, escreveu Yvone ao citar o fato de um ‘grupo evangélico’ ter invandido um terreiro de candomblé em Pernambuco.

No entanto, ela chama atenção de que certo conflito “revela mais do que os interesses materiais e diretos daqueles que estão em combate”. Para a professora ‘a intolerância’ por partes de alguns evangélicos pode estar ligada ao desejo da “destruição da crença de que as pessoas são vítimas de ataques místicos, de olho grande, de feitiço o que, segundo eles, retira do indivíduo a responsabilidade sobre seus atos”.

Como exemplo, Yvonne Maggie citou a entrevista de Roseane Collor, que acusou o ex-marido de praticar magia negra na residência do casal em Brasília. “Segundo Rosane, só a entrega a Jesus protegeria os indivíduos das tramas nas quais se enredam aqueles que se dedicam a praticar os rituais de magia negra. Só Jesus salva da sina ou da maldição que não permite que o indivíduo se responsabilize pelos seus atos”.

E a pesquisadora finaliza: “A entrega a Jesus propugnada pelos evangélicos, pode ser vista como um rompimento com esta cosmologia do feitiço na qual as pessoas estão sempre tendo de se defender dos ataques místicos e, com isso, dependendo dos que têm esses poderes para livrá-los do mal.(…) Os protestantes rompem também com a aliança centenária da Igreja Católica com as religiões afro-brasileiras, que ao mesmo tempo as atacava e mantinha uma relação ambígua. Romper os laços com a Igreja Católica e com a crença no feitiço representa uma virada radical no cenário cosmológico da vida social brasileira”.

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