Estudo Sobre os Dons

22/11/2011 18:45

 

OS

DONS

Leitura: I Corintos 12:1-10

 

É necessário que façamos um estudo dos dons por haver diversidade deles.  Há dons segundo a lei de Moisés (Mosaico, Mat. 8:4; Heb 5:1), também há dons como presentes de pai para filho e podem ser comprados (físicos, Lucas 11:13) existem ainda dons que são unção do Espírito Santo e que não podem ser comprados (espirituais, Atos 8:20; 11:17).  Há dons temporários (I Cor 13:8) e permanentes (Rom 11:29; I Cor 13:13).  Há dons ordinários (Rom 12:6-8; I Cor 13:13; Efés 4:11) e extraordinários (Mar 16:17,18; I Cor 12:8-10; Heb 2:3,4).  Num sentido Cristo é um dom (II Cor 9:15), em outro sentido a salvação é um dom (Rom 5:15; Efés 2:8; Heb 6:4) e ainda em outro, bênçãos do crente em geral são dons ou dádivas (Tiago 1:17).  Dom pode ser uma chamada (I Cor 7:7; Efés 3:7), um conhecimento especial (Rom 1:11) ou até mesmo a vida eterna (Rom 5:15; 6:23; Atos 2:38).  Por haver uma variedade de dons, alguns os usam até mesmo para desculpar a sua desobediência (Mat. 15:5; Mar 7:11), e, por haverem falsos dons (Prov. 25:14; Judas 1:11-19) há a necessidade de se entender este assunto mais detalhadamente.

 

Este estudo focalizará mais os dons extraordinários, pois são estes que geram maior confusão nas igrejas hoje em dia. A Bíblia explica o que precisamos saber sobre estes dons, para que não sejamos ignorantes (I Cor 12:1).

 

Qualificações de um Apóstolo:

·      Ter visto Cristo antes e depois da Sua crucificação (Atos 1:21,22).

·      Ser chamado por Cristo pessoalmente ou pela igreja verdadeira (Matias - Atos 1:21-26; os 12 - Mat. 10:1-4; Paulo - Atos 9:5; 13:1-5).

·      Receber as doutrinas de Cristo pessoalmente (Os 4 Evangelhos, Mat. 28:20, “vos tenho mandado”; I Cor 11:23 ”eu recebi do Senhor”; Gal 1:11,12)

·      Ter dons extraordinários (Mar 16:17,18,20; II Cor 12:12; Heb 2:3,4).

·      Estes reinarão sobre Israel no milênio (Mat. 19:28; Atos 1:6).

 

Para começarmos, precisamos entender o que o Apóstolo Paulo diz: os dons podem ser divididos em duas classificações, mesmo que sendo do mesmo Espírito (I Cor 12:4-6).  Uma classificação destes dons são os “ministérios” (I Cor 12:5) que tratam da administração das obras da igreja (Efés 4:11).  A outra classificação é proveniente de Suas “operações”, que podem ser divididas em dois subgrupos: ordinários e extraordinários.  As operações extraordinárias eram o que Deus deu aos seus apóstolos e profetas para poder cumprir o seu ministério.

 

As operações ‘ordinárias’ são assim chamadas porque podem ser vistas em todos os crentes, em toda época, desde Cristo (I Cor 13:13).  Estas operações provêm do Espírito Santo, através das quais Ele chama os crentes à salvação, e por Ele a salvação é consumada (Fil. 1:6).  Estas operações são mencionadas em Romanos 12:6-8 e I Cor 13:13 e manifestas publicamente nos homens que exercem ofícios da igreja (Efés 4:11).  Essas operações são diferentes das “extraordinárias”, pois devem ser desenvolvidas e lapidadas para que sejam de maior proveito ao povo de Deus (Efés 4:12-16; II Tim 2:15; II Ped 3:18).

 

Antes de estudarmos com mais detalhes os dons ‘extraordinários’ seria proveitoso vermos quem exercia estes dons.  Efésios 4:11 dá-nos um panorama de todos os  ministros que o Senhor tem dado à igreja.  Estes ministros estão listados em ordem cronológica. Os que preencheram estas posições tinham a responsabilidade de organizar igrejas, consagrar anciãos, pregar a Palavra de Deus, administrar as duas ordenanças e cuidar dos pobres (Gill). Note que só os chamados por Deus integram a lista, e nenhuma mulher foi chamada para estas obras.

 

A lista cronológica dos ministérios começa com “apóstolos”, porque são o que Deus deu “primeiramente” (I Cor 12:28).  Os apóstolos operavam milagres para confirmar a veracidade das pregações (Mar 16:20; Atos 2:22).  A lista segue com “profetas” (I Cor 12:28), e  estes não eram os pastores normais mas os que poderiam predizer o futuro ou explicar as profecias do Velho Testamento com maior clareza (Atos 11:27,31).  Depois dos profetas vêm os evangelistas, que no tempo da igreja primitiva acompanhavam os apóstolos e eram assistentes deles, como Filipe, Lucas, Tito, Timóteo e outros (Gill).  Por último, temos os pastores e doutores (I Cor 12:28) e esta classificação inclui os diáconos e missionários por tratarem dos assuntos e práticas da igreja.  Os pastores e doutores ensinam a Palavra de Deus, não com revelação extraordinária, mas pelo dom ordinário do Espírito Santo.  As suas responsabilidades são: pregar a Palavra de Deus (profetizando, não predizendo, mas declarando como em I Cor 14:3), administrar as ordenanças, apascentar e governar as igrejas (Atos 20:28; Romanos 12:5-8; Heb 13:7,17).

 

Os que primeiramente foram postos na igreja, os apóstolos, eram os que operavam, quase que exclusivamente, os dons extraordinários.

 

É importante entendermos a relação entre dons extraordinários e apóstolos.  Os dons extraordinários manifestaram-se apenas quando Deus comunicava ao Seu povo a Sua Palavra pelos mensageiros qualificados ... os apóstolos (Laurence A. Justice).  Além dos apóstolos havia casos de outras pessoas que experimentavam os dons extraordinários, mas só na presença dos apóstolos e geralmente com eles lhes impondo as mãos (Atos 6:6; 8:17; 19:6; 28:8; I Tim 4:14).  Há só duas vezes no Novo Testamento que os dons extraordinários aconteceram sem a imposição das mãos dos apóstolos: no dia de pentecostes (Atos 2:1-11) e na casa de Cornélio (Atos 10:44-48).  É importante notarmos que os apóstolos eram presentes nestes dois acontecimentos. Podemos concluir que: depois de Cristo ter ido para o céu, os dons extraordinários só aconteceram na presença dos apóstolos.

 

A natureza temporária dos dons extraordinários é entendida quando se vê a sua razão. O ministério de Cristo foi aguardado por séculos para se diferenciar. Nenhum sinal foi visto, nem mesmo João Batista viu-os ou usou-os mas quando Cristo veio, apareceu com sinais destacando-se como de Deus (João 3:2). O propósito dos dons extraordinários com os apóstolos era confirmar a Palavra de Deus (Mar 16:20 e o livro de Atos) e testificar a qualidade do apóstolo (Atos 2:22; II Cor 12:12; Heb 2:3,4).

 

OS DONS EXTRAORDINÁRIOS

I Cor 12:8-10

 


1.    V. 8, “a sabedoria”.  Isso seria entender as doutrinas em todas as suas partes.  Esse dom abre as doutrinas, expondo-as dando profundas explicações sem previa estudo (Atos 6:8-10; Mat. 10:19,20).  Foi dado aos apóstolos.

2.    V. 8, “a palavra da ciência”.  Esse dom fazia-se conhecer eventos ou a totalidade do conhecimento do universo nas Escrituras (I Cor 13:2; Atos 5:1-10; II Reis 5:25,26).  Foi dado pelo Espírito Santo aos profetas e capacitava eles a não só trazerem o entendimento mas guiar em toda a verdade (I Cor 13:8; João 16:13).

3.    V. 9, “a fé”. Essa fé não era a fé comum do salvo, mas referente à doutrina da fé em conjunto com a capacidade de pregá-la com ousadia aos seus inimigos (Atos 7:1-53; Efés 6:19).

4.    V. 9, “os dons de curar.  Esses dons curavam todo tipo de enfermidade.  Foram dados por Cristo aos discípulos, aos apóstolos, profetas e pastores na igreja primitiva (Gill) (Atos 3:1-9; 9:32-35).

5.    V. 10, “operação de maravilhas”.  Essas obras eram sobrenaturais e além da capacidade humana.  Inclui levantar os mortos, cegos verem, surdos ouvirem, etc. (Atos 3:6; 9:41; 14:8-10; 20:9,10).  Essas obras também aconteciam no sentido negativo (caso de Ananias e Safira - Atos 5; cegueira de Elimas - Atos 13, e os entregues a Satanás - I Tim 1:20).

6.    V. 10, “a profecia”.  Esse dom dava aos apóstolos a capacidade de predizer o futuro (Atos 11:27,28; 21:9,10) ou entender as profecias do Velho Testamento na pregação da Palavra de Deus (Atos 13:1; I Cor 14:29,32,27).  É temporário, I Cor 13:8

7.    V. 10, “discernir os espíritos”.  Esse dom discernia os pensamentos, intenções e hipocrisia escondida dos homens.  Temos o exemplo com Ananias e Safira (Atos 5:3,9) e Simão, o magico (Atos 8:20).

8.    V. 10, “a variedade de línguas”.  Esse dom dava a capacidade de falar muitas línguas que não haviam sido estudadas, que não se entendiam e que não foram acostumados (Mat. 16:16,17; Atos 2:1-11; I Cor 13:2; 14:5, 22).  É um sinal (I Cor 14:22) e foi temporário, I Cor 13:8.

9.    V. 10, “a interpretação das línguas”.  Esse dom dava capacidade de interpretação das diferentes linguagens na assembléia (I Cor 14:13, 27,28).


 

Paulo ensina na igreja em Corinto que os dons extraordinários não têm superioridade sobre o amor (I Cor 13:1-3, 13), a edificação pela Palavra de Deus (I Cor 14) e a necessidade de ordem na assembléia (I Cor 14:33-40).

 

Uma vez que a mensagem de Cristo e dos apóstolos foi dada e confirmada pelos sinais, a necessidade de mais confirmação seria desnecessária.  Com o cânon se completando com o livro Apocalipse (I Cor 13:10; Tiago 1:25, “lei perfeita”; Apoc 1:19; 22:18,19),  a “fé” sendo dada (Judas 1:3), tendo a igreja o seu alicerce feito (com os apóstolos e profetas tendo Cristo como sendo “a principal pedra da esquina” Efés 2:20) e não tendo ninguém que cumpra as qualificações de apóstolo hoje, podemos dizer que os dons extraordinários não existem mais por não serem mais necessários.

 

O fato de ter o cânon completo importa muito.  Considere o que Pedro diz na comparação dos dons extraordinários, que ele mesmo participou, com o cânon.   Em II Pedro 1:19 ele diz que “mui firme” é a Palavra de Deus e não mais os sinais.  Para melhor entendermos: quanto mais completo o cânon ficava menos relatos de dons eram descritos no Novo Testamento.   No fim do ministério de Paulo, que operava curas (Atos 19:11,12; 28:8), e tendo o cânon mais completo, já não as fazia com tanta freqüência (II Tim 4:20; II Cor 12:7-10).  O último milagre de Paulo foi na ilha de Malta (Atos 28:1-10) e quando chegou em Roma percebe-se que a capacidade de operar dons extraordinários já cessou (Fil. 2:25-30, John C. Whitcomb).    Depois da data de 70 d.C. nenhum sinal tem sido registrado (Robert Sargent, Estudo dos dons). O que “basta” agora é a graça de Deus (II Cor 12:9).  O homem de Deus, hoje, manifesta-se pelo bom manejo das Escrituras Sagradas (II Tim 2:15; 3:16,17).  O povo de Deus, hoje, manifesta-se pela Palavra de Deus (Lucas 6:46-49; João 14:15) e a conformidade à imagem de Cristo (Rom 8:29).  Em Tiago 1:25, a Bíblia é considerada “a lei perfeita” e em II Timóteo 3:16,17, ela é proveitosa para que o homem “seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”  Precisamos mais alguma coisa?

 

Este estudo não quer dizer que não há curas nem milagres hoje.  Tem curas e milagres ainda nos dias de hoje.  A diferença é que as curas e os milagres agora não ocorrerem por uma classe de pessoas na igreja. O tempo de consagração de dons extraordinários foi-se com os apóstolos.  Deus cura e opera milagres hoje através dos dons ordinários (pregação, ministério, exortação, generosidade, autoridade, misericórdia e oração).

 

Tiago 5:14,15, 16, “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;”.

 

Se você deseja o “dom do Espírito Santo” procure por Deus (Lucas 11:13).  O Espírito Santo não fará você famoso, popular, procurado e nem necessariamente fará a sua igreja grande e com numerosos membros.  Mas, é fato que Ele ministrará Cristo a você pela Palavra de Deus (João 14:26; 15:26; Efés 5:19; Col 3:16).  Isto te satisfaz?  Conhecer Cristo é suficiente para você?  Olhai para Cristo e não para os dons (Heb 12:2).  A Bíblia diz que o caminho a Deus não é pelos dons; é pela fé em Cristo.  Se você quer conhecer o Senhor Deus, procure-O, por Cristo, para que o dom gratuito seja dado a você (Rom 6:23).  Se quer crer em Deus, ceia pela fé (Heb 11:6).

 

 

DESEJA DEUS QUE OS CRENTES OPEREM MILAGRES HOJE?

Por John C. Whitcomb

 

            “Um dos mais astuciosos propósitos de Satanás, através dos tempos, tem sido o de intrometer-se entre o povo de Deus e a Sua Palavra inerrante.  Tudo começou no Jardim do Éden, quando o “pai da mentira” perguntou a Eva: “É assim que Deus disse ...?”, e assim ele continua hoje em dia, cada vez mais na ofensiva.  Nesta estratégia satânica há dois níveis distintos, mas no mesmo tempo interrelacionados, que podem ser detectados em nossos dias:

 

1)   Dúvidas causadas pelo racionalismo e pela descrença nas ações sobrenaturais de Deus tal qual as Escrituras registram.  Isto tem-se feito sentir, agudamente, nos círculos evangélicos atuais, através de várias concessões à teoria da evolução orgânica, que procura reduzir os grandiosos milagres de criação operados por Deus a meros atos da providência.

2)   A outra estratégia do inimigo é encorajar os crentes a imaginarem milagres atuais onde eles não existem, através das pretensões de auto-designados “operadores de milagres.”

 

            O alvo da primeira estratégia é tirar-nos a Bíblia pouco a pouco até que fiquemos sem saber quais as partes da infalível Escritura que ainda nos são deixadas.

            O alvo da segunda estratégia é afastar-nos cada vez mais da Bíblia, centralizando a nossa atenção em novas “revelações” da parte de Deus, feitas por modernos “profetas”, ou em novas e sobrenaturais experiências e poderes, de forma que tenhamos pouco tempo ou interesse para examinar as Escrituras, em busca da verdade de Deus e dos meios que Ele nos revelou pelos quais podemos perpetuá-la e promovê-la.”

 

 

Bibliografia

 

Bíblia Sagrada, Sociedade Trinitariana do Brasil, 1/94

Crisp, Ron, A Study Guide on the Person and Work of the Holy Spirit, 1994

Gill, John  Comentary of the Whole Bible (Comentário da Bíblia Inteira), Online Bible, Canada

Justice, Laurance A., Devine Healing (Cura Divina), pregação, EUA

Sargent, Robert, Estudo sobre os Dons de Sinais na Bíblia, Internet

Strong’s Concordance (Concordância da Bíblia Inteira), Online Bible, Canada

Whitcomb, John C., Deseja Deus que os Crentes Operem Milagres Hoje?, 1973

 

a, São Paulo